quinta-feira, 23 de abril de 2009

Nativo à beira mar



Num feriado de 82 Podepô, convidado a conhecer o Rio de Janeiro, encontra-se nas areias de Copacabana, extasiado com a merecida fama da praia. Acreditando-se incógnito, relaxava com a brisa quando súbito uma voz feminina, de algum modo familiar, chama seu nome, em alto som, num misto de aflição e urgência:

_ Luiz Fernando !
_ Luiz Fernanndoo !

Podepô se volta a tempo de ver ninguém menos que Cristiane Torloni (era 82 turma!), com toda sua generosa natureza mal contida pelo biquíni, correndo de braços estendidos em sua direção, quase gritando:

_ Luiz Fernando !
_ Luiz Fernanndoo !

Numa fração de segundos adrenalia e tostesterona agitam o agricolão que se queda imóvel, incapaz de compreender a inusitada cena. Até que um pirralhinho na carreira lhe passa ao lado, sendo alcançado metros depois pela aflita mãe.

Podepô, coração acelerado, pupilas dilatadas, descobrira um xará mirim nas areias de Copacabana.

Matrícula - Origem dos Nomes 1

Na matrícula de 81 boa parte dos bichos passava por uma rápida "entrevista" com alguns veteranos donde já sai "batizada".

Quase invariavelmente a mesma fórmula:

_ Como é o seu nome, bicho?
_ De onde vem?

Um nativo se apresenta:

_ Como é o seu nome, bicho?

_ Luiz Fernando Duarte de Moraes. (o sotaque dispensando a segunda pergunta)

_ Bicho, vou lhe por um nome! anuncia um veterano.
_ Pode pô! responde o nativo.

A turma de 84 ganhava o grande Podepô.

sábado, 18 de abril de 2009

Plantas Medicinais do Prof. Accorsi



Certa vez o Hulk (F83) viu-se às voltas com um cálculo renal.


A chapa de Raios-X era digna de ilustrar um livro sobre o tema, pois em tamanho natural exibia nitidamente o rim, o ureter e a bexiga. E bem no meio do ureter um cálculo de 5 mm de diâmetro.

O avantajado porte do Hulk permitiu que o médico lhe concedesse duas semanas para tentar a expulsão natural da pedra, que de certo modo já se deslocava para a bexiga. Caso contrário Hulk "entraria na faca", alternativa que desgostou muito o colega.

Fadado a ingerir litros de chá, Hulk procurou o prof. Accorsi, na Botânica, saindo de lá com os ingredientes de uma exótica receita que seguiu religiosamente.

Ao cabo de quatro ou cinco dias a República Tipo Zero foi acordada pelos berros vitoriosos de um aliviado agricolão que comemorava a eliminação da pedra. Na geladeira restavam ainda litros do chá eficaz, cuja composição, acreditem, envolvia folhas de abacateiro, de morangueiro, mandacaru e de ALFAFA!

AAALQ - SaPo MAgro


Em 82 a AAALQ patrocinava mais uma edição do SaPo MAgro, jogos envolvendo a
Santa Casa, Politécnica e Mackenzie. Parada dura, em quadra e fora dela, atletas decididos e torcidas especialmente aguerridas.

Naquela ocasião fomos surpreendidos por uma das tradições da Poli, até então nossa desconhecida, que prontamente incorporamos.

Durante um jogo de futsal, no ginásio de esportes, uns trinta dos nossos se postaram no mezzanino e dando de costas para os convidados arriaram simultaneamente as calças, no tradicional bundão.

A torcida da Poli, após o “OOHHH” inicial, não se fez de rogada – agarraram um dos bichos deles mesmos e o esticaram de bruços sobre o colo de cinco veteranos sentados na arquibancada. Aos gritos de “mordebunda, mordebunda” um doutor mais saliente cravou-lhe os dentes, com marcada determinação. Em seguida arriaram as calças do esperneante carimbado, exibindo-nos a marca da façanha!

Na República Tipo Zero o Farinha muito cultivou e aprimorou a técnica, não limitando sua aplicação aos bichos ou a eventos esportivos.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Lições de nossas meninas 2



No segundo semestre de 84 os trabalhos da Comissão de Formatura avançavam e chegara a hora de elaborar o modelo de nosso convite, que haveria que ser marcante (e foi).


Para a turma de 83 a gráfica imprimira, numa placa de alumínio, a inconfundível figura do Prédio Central da escola, em estilo bico de pena. Não dava para não termos uma placa igual.
Nossas meninas então, com seu peculiar bom gosto, acrescentaram o aveludado preto, a abertura tripartida, as folhas internas com imagens variadas em forma de marca d’água, obtidas a partir de fotografias da turma na escola.

Mas era preciso não correr riscos. Como as principais decisões eram democraticamente submetidas a toda a turma, também o modelo deveria ter a aprovação da maioria, coisa meio complicada em ambiente de assembléia, quando brotavam palpites e palpites.

Encomendaram então dois outros “protótipos”: um vermelho e outro prateado, ambos bem inferiores. A ala masculina, consultada, “escolheu” satisfeita e por larga maioria o modelo que as meninas já haviam escolhido.

Simples assim. E pensar que alguns de nós tem a certeza (ilusão) de que foram eles que escolheram sua cara metade....

Lições de nossas meninas 1



Nossa turma de 84 foi particularmente feliz por ter quebrado o recorde de participação feminina, alcançando espantosos 18% de ingressantes. Mais que pela simples quantidade, foi por suas qualidades que nos destacamos em vários campos: tetra-campeões nos jogos inter-anos; uma comissão de formatura brilhante, um Doutor Show inesquecível....


No feriado friorento da Semana Santa de 81 a AAALQ compareceu às Agronomíades Regionais de São Paulo / Paraná em Curitiba.Uma animada delegação partiu batucando no ônibus, continuou batucando por onde passava e a cada jogo, ganhasse ou não, comemorava o fato de representar a ESALQ.


Nas derrotas a torcida regressava ao alojamento como um cortejo fúnebre, tambores cadenciados, cantando:

“A ESALQ se fu__, se ferrou, tomou no c_.”

Isso desarmava qualquer gozação, empanava o brilho da vitória dos demais.


Porém, com as meninas na quadra, a ala masculina, torcia cantando de modo chulo:


“É pinga,

Cerveja

É chope no barril

As nossas b_____

São as melhor do Brasil”


Numa tarde de semi-finais, com o time de basquete dos agricolões pelejando, a ala masculina rouca e cansada deixou de lado os tambores. Subitamente as meninas tomaram para si o instrumental e iniciaram, vozerio agudo e firme, sua versão da cantoria:


“É pinga !

Cerveja ! ....


Segundos de suspense no ar – como adjetivariam a ala masculina ?

Na mesma escala de baixaria ?


Não.

Elas tinham classe:


...É chope no barril

Os nossos menininhos

São os melhor do Brasil ...”


Daquele momento em diante lá em Curitiba, lição aprendida - a Tobalq passou a cantar:


“É pinga,

Cerveja

É chope no barril

As nossas menininhas

São as melhor do Brasil”



quarta-feira, 15 de abril de 2009

Paixão Química - Música do Mocorongo para Maria Emília

A Flor enviou e-mail relatando ter encontrado o Mocorongo
(foi nosso "doutor", trancou matrícula em 83 quando foi morar na Califórnia, concluindo os estudos a duras penas, lutando com cálculo, físico-química e correlatos)
O danado gravou até um CD e a Flor pergunta se alguém se lembra da música para a Maria Emília - lá vai:

“Paixão Química”

Samba de breque de Mocorongo (1980 – 1984)
República Tipo Zero
(recuperado por Suspiro – colega de quarto e fã incondicional)

Começo de ano
A mestra se apresentou
Com o sermão de sempre
Mas tinha um jeito que não sei .....

Me apaixonei.


Fui levando o curso
Aquela boca, aqueles olhos
Aquelas pernas boas
Aquela fresta lá na mesa....

Ai que beleza.


Um dia na aula
Dei-lhe uma cutucada
Ela se tocou
Disse que eu era anormal....

Chamada oral.


H2SO4
Permanganato na cuca da gente
Essa mulher, veneno de serpente
Oxidando o meu coração.

Eu tive medo
Ela falou de um tal de cianeto
Ela me disse pra eu fazer segredo
Que um dia a gente ia se encontrar....

Lá no céu.

Eu boiei
Densidade inespecífica
Numa fórmula magnífica
Que se chama paixão.

SEGUNDA PARTE

Já tinha sarado
A bebida tinha me ajudado
Eu podia dizer que era um homem feliz.....

Cresce o nariz.


Começo de ano
Olha a surpresa que Deus fez
Minha mestra de química
Maria Emília outra vez...

Que insensatez


Meu pH tá alto
Hemoglobina ta virando um caldo
A queratina ta virando asfalto
Acho que vou me liquefazer

Eu chorei
Uma lágrima colorida
Que um aparelho me indica...

É veneno mortal !



Da veia poética do Mocorongo também tínhamos:

Simplesmente viver e somente viver
não há quem leve esta vida
E você vem querer vem querer me dizer
que está de bem com a vida...

Tente entender
que amar eternamente
é ter, na mente
ternamente
amor.
Amar eternamente
é ter
éter na mente
eternamente
amor...

Causos da turma de 84


Quem sabe com dois pequenos exemplos os demais escritores se animem:
(Suspiro)


Zoologia com Mariconi 1

Primeiro ano, uma das primeiras aulas práticas de Zoologia com o prof. Mariconi.

O mestre, sentado em sua mesa, saca dos bolsos de seu jaleco branco os óculos de fundo de garrafa e uma carta, que exibe abanando.

_ Algum dos senhores conhece o doutor Sucupira ou Sucupirão ? Tenho aqui uma correspondência que chegou no Departamento, endereçada ao doutor Sucupira ou Sucupirão. Deve ser alguém do primeiro ano....

Prontamente o código é decifrado, o problema parece resolvido e os futuros engenheiros não se contém:

_ É o Hermes.
_ Hermes Nonino.
_ Mora na Sobradão.
_ Eu conheço sim.
_ É da outra turma....

E o mestre, satisfeito:

_ Os senhores me desculpem ter-me valido deste expediente, mas acontece que o seu colega escreveu seu nome no balcão ali do fundo. Terá que limpar. Mas não se preocupem, a turma anterior também já me havia indicado o nome.....

Silêncio na sala com a nossa falta de malícia escancarada assim tão facilmente.

Mais uma daquelas lições para a vida das tantas que a ESALQ nos ofereceu.


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Zoologia com Mariconi 2

Primeiro ano, aula prática de Zoologia com o prof. Mariconi.

Sobre a mesa vasos com pequenos algodoeiros, apresentando-nos o ácaro rajado Tetranychus urticae e o ácaro branco Polyphagotarsonemus latus (Eita nomezinho bonito sô !). Nos balcões, roteiro dos itens a observar e lupas para nos iniciar na intimidade dos ditos cujos.

Naquelas aulas práticas, assim que a nossa concentração inicial arrefecia, aumentavam o ruído da conversação e o passeio pela sala. Mariconi então corria a lista de presença e sorteava alguns para uma rápida chamada oral. Isto fazia com que todos baixassem a cabeça sobre as lupas e apurassem os ouvidos – a diversão estava garantida.

_ Sr. Oswaldo Faria ! anunciou com aquele sotaque inconfundível.

Suspiro, confiante de ter cumprido o roteiro, encara o teste.

_ O Sr. viu os algodoeiros ?
_ Vi sim senhor (resposta firme na ponta da língua).
_ O Sr. viu o ácaro rajado ?
_ Vi sim senhor.
_ O Sr. viu o ácaro branco ?
_ Vi sim senhor.
_ O Sr. viu a teia do ácaro branco ?
_ Vi sim senhor.

_Não viu não. Ácaro branco não faz teia !!

Com aquele jeito cínico, levantou a cabeça e ficou olhando para nossas caras incrédulas, sem dar um sorriso sequer. Grande figura.
Lição para toda a vida !
(com a colaboração do Podepô)